domingo, 5 de dezembro de 2010

TRAVESSURAS DE MÃE : Suspiros e muita bola no pé. Melhor do que gostar de futebol é quando a diversão acontece em família

Por Denise Fraga - atriz

 
Quando fiquei grávida, um dos primeiros presentes que recebemos para o pequeno Nino foi uma bola. Mal ele aprendeu a andar, quase sem querer já lhe ensinamos a chutar, e uma das primeiras palavras que qualquer menino brasileiro fala é "gol". O Luiz costuma dizer que um homem gostar de futebol já é meio caminho andado, tem sempre como começar uma conversa.
Futebol dá inclusão social, ele diz. Lembrando das idas ao Maracanã com meu irmão, das intermináveis conversas de domingo e das fotos do Zico na parede do quarto, isso faz total sentido. Sempre gostei de futebol. Não exatamente dos passes, jogadas e lances, mas de todo o ritual que envolve a partida. Sou uma rara mulher que sabe acusar um impedimento, mas, invariavelmente, estou olhando para o outro lado na hora do gol. Acho uma delícia ir ao estádio, torcer por um time e saber cantar gritos de guerra, portanto torci muito para que meus filhos se familiarizassem com a redonda. Com 5 e 6 anos, pediram para ir para a primeira escolinha de futebol. Ficávamos do lado do campo torcendo por aquelas perninhas moles. Nino roía as unhas, olhando pro lado. Deixava a bola passar e, de vez em quando, suspeitávamos que ele corria pro lado contrário da jogada pra não receber um passe. Na nossa casa não era obrigatória a escolinha de futebol, mas talvez fosse mesmo uma grande credencial para o recreio da escola. Nunca deixaram de ir. Hoje vivem com a bola no pé e só pedem de presente chuteira, bola e camisa.
Mas não basta um menino gostar de futebol. É bom que a família torça unida pelo mesmo time, para felizes idas ao estádio. Me tornei palmeirense por amor ao meu marido e profunda admiração pelo senhor Luiz Felipe Scolari. Sou flamenguista de nascença e achei pouco grave virar casaca quando se muda de estado. Mas fiquei realmente preocupada quando o pequeno Nino, com 5 anos, me pedia pra ser corintiano, em troca de ir tomar banho ou escovar os dentes. Um dia, o Luiz entrou no quarto preocupado. "Falei pra ele que ia pensar, mas acho que eu vou dar a tal camisa do Corinthians que ele tá pedindo." Fiquei desesperada de pensar que não iríamos mais juntos ao estádio. "Não!!! Ele tá querendo virar corintiano por causa do Rogerinho. Diz pra ele que a gente é palmeirense e não consegue dar a camisa do Corinthians nem pro nosso filho querido." Graças a Deus, hoje, meus dois filhos torcem pelo verdão. Graças a Deus e à segunda divisão.
Depois de, durante algum tempo, mostrarmos, com a TV sem som, vários gols do Goiás, que também com camisa verde marcava, lá em casa, gols pelo Palmeiras, foram nos jogos da segunda divisão que eles viram o número necessário de vitórias para carimbar de vez o Palestra no peito. Santa segunda divisão, que para meninos de 4 anos pouco significava e não os impediu de gritar várias vezes "gol" por um time que não estava indo nada bem na primeira.O Palmeiras ainda não se recuperou. Este ano escapamos por pouco de uma nova e consciente descida. Mas meus pequenos já entendem um pouco mais a respeito de perseverança e fidelidade e vivem com suas camisas verdes.
Mas o que eu mais gosto mesmo é de saber uma coisa que eles ainda nem desconfiam. Que, gostando de futebol, um homem se deixa ser um pouco menino a vida inteira.

Um comentário:

  1. Com o passar dos tempos, foi-se deixado de lado as brincadeiras que nossos pais brincavam. Hoje em dia, nossos filhos não sabem mais brincar de amerilinha, elastico, sete pecados, queimada,que eram algumas brincadeiras que nós brincávamos quando crianças. Tomara que elas não se percam.

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